segunda-feira, 14 de março de 2011

Inteligência policial - Ronilson de Souza Luiz - São Paulo(SP) - 10/03/2011

Inteligência policial
Ronilson de Souza Luiz - São Paulo(SP) - 10/03/2011
    Há uma charge provocativa aos policiais que diz: “inteligência policial – duas palavras contraditórias”.
    Com certeza, o policial exerce poder, mas com a mesma certeza se constata que, em torno e sobre ele, outros poderes se exercem, em um incrível jogo de estratégias.
Eis a primeira vista um paradoxo, mas que de fato é parte de um mesmo sutil mecanismo: o policial é poderoso e, ao mesmo tempo, e na mesma intensidade, “não possui poder algum”; ele serve de instrumento para que outros poderes sejam exercidos e, é nesse jogo, justamente, que a inteligência policial se mostra vigorosa.

     É certo, pois, que se trata de um ofício; ser hoje policial em qualquer local, mas não de um ofício qualquer. É um ofício que dói, e no qual muito se arrisca.
A pergunta, então é:____ o que inteligência policial?
    É investir na formação contínua do policial, do Soldado ao Coronel, valendo para a Polícia Civil e a Científica. A inteligência policial exige que o patrulheiro observe a regra, e que identifique-se com ela, e que esteja sistematicamente atento à irregularidade – quando os outros, ao contrário, baseiam-se nas regularidades.
    Tenho dito que quanto mais qualificado for o corpo docente das instituições policiais melhores serão os futuros policiais, consequentemente, nós teremos melhor prestação de serviço.
A morte do sociólogo Vilmar Evangelista Faria, que ocupou a função de assessor especial da presidência da república, não deve apagar os seus ideais, que vinham sinalizando para a necessidade de se investir na formação dos policias em nível de pós-graduação.
Certamente, seguindo exemplos possíveis de serem aplicados em nossas realidade, com integração e parceria junto às universidades que contam com institutos de pesquisa que abordem questões ligadas a atividade policial.
     Pasmem, mas não há no Brasil registro de doutores ou mestres em Educação, que sejam também policiais militares da ativa, lembrando que somos perto de 552 mil. Gostaria muito de estar equivocado e ter que retificar esse dado.
    Fica aqui a grande dica ao presidente que venceu e aos governadores eleitos e reeleitos, ou seja, a atividade policial-militar que é essencialmente preventiva e repressiva apenas no limite, exige treinamento e formação permanente.
Lembrando que a cultura ainda não conhece melhor prevenção do que o esclarecimento e o diálogo, frutos de uma boa educação.
    A atividade policial por ser essencial, emergencial e diuturna necessita sobremaneira formular hipóteses, construir caminhos, tomar decisões. Em bom tempo a sociedade percebeu que urge investir nas policias, e o ditado por ser rancoroso, provará ser inverídico.
Minha contribuição à propagada inteligência policial é afirmar que ela será alcançada por meio do investimento no objeto descrito abaixo, adaptado da obra Ofício de escrever.
    “É uma máquina bem inventada: tem pouco peso, cabe no bolso, não consome energia ( não necessita pilhas, nem tomadas, nada ), é descartável ou guardável, conforme a conveniência, usa se em qualquer lugar (uma praia , um trem, o metro, a sala de espera do dentista).
Ele pára quando queremos, podemos voltar para trás, repetir, pular vários capítulos, conhecer o fim desde o início, tomar notas, folhá-lo, deixá-lo na mesa da cabeceira por meses a fio, retomá-lo de repente como se nunca tivéssemos tido em mãos algo tão prazeroso, mantê-lo aberto sobre os joelhos, dormir com ele no colo, oferecê-lo a quem não dispõe de instrumento eletrônico algum, com a segurança de que será plenamente desfrutado, ele pode abarcar todo o universo do conhecimento e da sensibilidade humana”.
    Todo mundo escreve para que a sociedade mude e é o modo como interrogamos o mundo que se renova sempre. Não caminhando por esta trilha estaremos tornando o ditado verídico. Por tudo isso não posso deixar de cumprir este dever pedagógico, como educador policial militar, de esclarecer as idéias e colocar ordem no pensamento, acreditando que tudo que escrevemos com facilidade é normalmente difícil de se ler.


Ronilson de Souza Luiz, Oficial da Polícia Militar, Doutor e Mestre em Educação na PUC/SP, Bacharel e Licenciado em Letras pela USP, Instrutor no Centro de Formação de Soldados. E mail – profronilson@gmail.com

2 comentários:

  1. O texto do doutor Ronilson como não poderia deixar de ser é muito pertinente e inteligente, porém alcançar essa excelência em formação infelizmente esbarra em interesses dentro das próprias corporações, pois todos sabemos que povo mal instruido, inculto, é tudo que governantes mal intencionados almejam.
    As instituíções policias nada mais são que microcosmos da nossa sociedade e funcionam da mesma forma; criam mecênismos para enaltecer os comandos com curso de doutorados reconhecdios apenas por elas mesmas e excluindo a massa de praças. Por isso que a desmilitarização é a saída para a democratização e evolução das instituições militar e civil.A humanidade quando saiu da escuridão e alcançou a luz do conhecimento obteve consideráveis avanços em todos os setores; as polícias também precisam sair das trevas da idade média.
    Abraços!

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  2. Bom dia, hoje é comum tirarmos conclusoes, dos resultados desastrosos que culminam com açoes das policias contra os marginais de toda ordem.
    Um exemplo claro sãos as ultimas açoes do crime organizado na zona sul de São Paulo.
    Devemos pensar Irradicar, cortar pela raíz, estipar com a bandidagem, deve ser a realizaçao das forças que formam a justiça do nosso Pais. vejamos a policia investiga, prende, a justiça julga solta e novamente reinicia o processo com os mesmos personagem.
    Ora! a falha é clara onde se comete o crime é de cima para baixo onde ordens são determinadas.
    No caso do morumbi, é um exemplo disso. devemos centralizar o nosso foco ai na zona sul para prender quem é o mandante das desordens.
    Obrigado este é o que analiso e a minha colocaçao.
    Roberto

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