Uma  portaria conjunta do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional dos  Direitos Humanos, publicada recentemente em DOU, com a finalidade de  extinguir a "lei da mordaça" contra nós, militares dos Estados,   colocará fim às arbitrariedades cometidas pelos  senhores-oficiais-feudais das policiais e bombeiros militares. É o fim  dos regulamentos anti-democráticos ainda em vigor, já que a texto  decreta que as Instituições Militares Estaduais deverão adequar-se à  atual realidade do Estado Democrático de Direito, vigente em Carta  Maior, desde 1988.
E  é criando na legislação a oportunidade que as mudanças começarão a  tomar forma, já que através do texto legal, poderemos utilizar mais esta  ferramenta, acionando o Judiciário em caso de uma possível  arbitrariedade de algum superior-semi-Deus-hierárquico utilizar  de seu arcaico regulamento para punições privativas de liberdade sem a  ampla defesa e o contraditórios garantidos em Carta Maior, pondo fim a  arrogância de pessoas que não estudaram, mas se acham superiores por  apenas carregarem estrelas em seus ombros. AGORA EU QUERO VER!!!
Abaixo transcrevo a Portaria, com várias garantias expostas,  para que todos os profissionais de segurança pública copiem, colem,  imprimam e de preferência, DECOREM, pois será a nossa ferramenta de  defesa inseparável e diuturna.
E  não deixem que te digam que não tem força de lei e patati-patatá, pois o  texto foi publicado em Diário Oficial da União e, portanto, tem força  normativa Federal. Logo, está acima dos regulamentos internos das  instituições estaduais, que foram editados através de decretos estaduais  não recepcionados pela CRFB/88. Uma pena... E logo, logo virá uma Lei  Ordinária Federal. E aí senhores... Bem, será a nossa Carta de  Alforria....
Segue a Portaria....(Comentário postado em 26/12/2010 - Blog Segurança Pública Fluminense - Um conto de fardas)
PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010
Estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública.
O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no  uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II, do parágrafo  único, do art. 87, da Constituição Federal de 1988, resolvem:
Art.  1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos  Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública, na forma do  Anexo desta Portaria.
Art.  2º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o  Ministério da Justiça estabelecerão mecanismos para estimular e  monitorar iniciativas que visem à implementação de ações para efetivação  destas diretrizes em todas as unidades federadas, respeitada a  repartição de competências prevista no art. 144 da Constituição Federal  de 1988.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
PAULO DE TARSO VANNUCHI
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO
Ministro de Estado da Justiça
ANEXO
DIREITOS CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
1)  Adequar as leis e regulamentos disciplinares que versam sobre direitos e  deveres dos profissionais de segurança pública à Constituição Federal  de 1988.
2) Valorizar a participação das instituições e dos profissionais de segurança pública nos processos democráticos de debate,  divulgação, estudo, reflexão e formulação das políticas públicas  relacionadas com a área, tais como conferências, conselhos, seminários,  pesquisas, encontros e fóruns temáticos.
3) Assegurar  o exercício do direito de opinião e a liberdade de expressão dos  profissionais de segurança pública, especialmente por meio da Internet,  blogs, sites e fóruns de discussão, à luz da Constituição Federal de  1988.
4) Garantir escalas de trabalho que contemplem o exercício do direito de voto por todos os profissionais de segurança pública.
VALORIZAÇÃO DA VIDA
5)  Proporcionar equipamentos de proteção individual e coletiva aos  profissionais de segurança pública, em quantidade e qualidade adequadas,  garantindo sua reposição permanente, considerados o desgaste e prazos  de validade.
6) Assegurar que os equipamentos de proteção individual contemplem as diferenças de gênero e de compleição física.
7)  Garantir aos profissionais de segurança pública instrução e treinamento  continuado quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção  individual.
8)  Zelar pela adequação, manutenção e permanente renovação de todos os  veículos utilizados no exercício profissional, bem como assegurar  instalações dignas em todas as instituições, com ênfase para as  condições de segurança, higiene, saúde e ambiente de trabalho.
9)  Considerar, no repasse de verbas federais aos entes federados, a  efetiva disponibilização de equipamentos de proteção individual aos  profissionais de segurança pública.
DIREITO À DIVERSIDADE
10)  Adotar orientações, medidas e práticas concretas voltadas à prevenção,  identificação e enfrentamento do racismo nas instituições de segurança  pública, combatendo qualquer modalidade de preconceito.
11) Garantir  respeito integral aos direitos constitucionais das profissionais de  segurança pública femininas, considerando as especificidades relativas à  gestação e à amamentação, bem como as exigências permanentes de  cuidado com filhos crianças e adolescentes, assegurando a elas  instalações físicas e equipamentos individuais específicos sempre que  necessário.
12)  Proporcionar espaços e oportunidades nas instituições de segurança  pública para organização de eventos de integração familiar entre todos  os profissionais, com ênfase em atividades recreativas, esportivas e  culturais voltadas a crianças, adolescentes e jovens.
13)  Fortalecer e disseminar nas instituições a cultura de nãodiscriminação e  de pleno respeito à liberdade de orientação sexual do profissional de  segurança pública, com ênfase no combate à homofobia.
14)  Aproveitar o conhecimento e a vivência dos profissionais de segurança  pública idosos, estimulando a criação de espaços institucionais para  transmissão de experiências, bem como a formação de equipes de trabalho  composta por servidores de diferentes faixas etárias para exercitar a  integração inter-geracional.
15)  Estabelecer práticas e serviços internos que contemplem a preparação do  profissional de segurança pública para o período de aposentadoria,  estimulando o prosseguimento em atividades de participação cidadã após a  fase de serviço ativo.
16)  Implementar os paradigmas de acessibilidade e empregabilidade das  pessoas com deficiência em instalações e equipamentos do sistema de  segurança pública, assegurando a reserva constitucional de vagas nos  concursos públicos.
SAÚDE
17) Oferecer  ao profissional de segurança pública e a seus familiares, serviços  permanentes e de boa qualidade para acompanhamento e tratamento de saúde.
18)  Assegurar o acesso dos profissionais do sistema de segurança pública ao  atendimento independente e especializado em saúde mental.
19)  Desenvolver programas de acompanhamento e tratamento destinados aos  profissionais de segurança pública envolvidos em ações com resultado  letal ou alto nível de estresse.
20)  Implementar políticas de prevenção, apoio e tratamento do alcoolismo,  tabagismo ou outras formas de drogadição e dependência química entre  profissionais de segurança pública.
21)  Desenvolver programas de prevenção ao suicídio, disponibilizando  atendimento psiquiátrico, núcleos terapêuticos de apoio e divulgação de  informações sobre o assunto.
22) Criar núcleos terapêuticos de apoio voltados ao enfrentamento da depressão, estresse e outras alterações psíquicas.
23)  Possibilitar acesso a exames clínicos e laboratoriais periódicos para  identificação dos fatores mais comuns de risco à saúde.
24)  Prevenir as conseqüências do uso continuado de equipamentos de proteção  individual e outras doenças profissionais ocasionadas por esforço  repetitivo, por meio de acompanhamento médico especializado.
25) Estimular  a prática regular de exercícios físicos, garantindo a adoção de  mecanismos que permitam o cômputo de horas de atividade física como  parte da jornada semanal de trabalho.
26)  Elaborar cartilhas voltadas à reeducação alimentar como forma de  diminuição de condições de risco à saúde e como fator de bem-estar  profissional e auto-estima.
REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO
27) Promover  a reabilitação dos profissionais de segurança pública que adquiram  lesões, traumas, deficiências ou doenças ocupacionais em decorrência do  exercício de suas atividades.
28)  Consolidar, como valor institucional, a importância da readaptação e da  reintegração dos profissionais de segurança pública ao trabalho em  casos de lesões, traumas, deficiências ou doenças ocupacionais  adquiridos em decorrência do exercício de suas atividades.
29)  Viabilizar mecanismos de readaptação dos profissionais de segurança  pública e deslocamento para novas funções ou postos de trabalho como  alternativa ao afastamento definitivo e à inatividade em decorrência de  acidente de trabalho, ferimentos ou seqüelas.
DIGNIDADE E SEGURANÇA NO TRABALHO
30)  Manter política abrangente de prevenção de acidentes e ferimentos,  incluindo a padronização de métodos e rotinas, atividades de atualização  e capacitação, bem como a constituição de comissão especializada para  coordenar esse trabalho.
31) Garantir  aos profissionais de segurança pública acesso ágil e permanente a toda  informação necessária para o correto desempenho de suas funções,  especialmente no tocante à legislação a ser observada.
32) Erradicar  todas as formas de punição envolvendo maus tratos, tratamento cruel,  desumano ou degradante contra os profissionais de segurança pública,  tanto no cotidiano funcional como em atividades de formação e  treinamento.
33)  Combater o assédio sexual e moral nas instituições, veiculando  campanhas internas de educação e garantindo canais para o recebimento e  apuração de denúncias.
34)  Garantir que todos os atos decisórios de superiores hierárquicos  dispondo sobre punições, escalas, lotação e transferências sejam  devidamente motivados e fundamentados.
35)  Assegurar a regulamentação da jornada de trabalho dos profissionais de  segurança pública, garantindo o exercício do direito à convivência  familiar e comunitária.
SEGUROS E AUXÍLIOS
36)  Apoiar projetos de leis que instituam seguro especial aos profissionais  de segurança pública, para casos de acidentes e traumas incapacitantes  ou morte em serviço.
37) Organizar  serviços de apoio, orientação psicológica e assistência social às  famílias de profissionais de segurança pública para casos de morte em  serviço.
38) Estimular a instituição de auxílio-funeral destinado às famílias de profissionais de segurança pública ativos e inativos.
ASSISTÊNCIA JURÍDICA
39) Firmar parcerias com Defensorias Públicas, serviços de atendimento jurídico de faculdades de Direito, núcleos de advocacia pro  bono e outras instâncias de advocacia gratuita para assessoramento e  defesa dos profissionais de segurança pública, em casos decorrentes do  exercício profissional.
40)  Proporcionar assistência jurídica para fins de recebimento de seguro,  pensão, auxílio ou outro direito de familiares, em caso de morte do  profissional de segurança pública.
HABITAÇÃO
41)  Garantir a implementação e a divulgação de políticas e planos de  habitação voltados aos profissionais de segurança pública, com a concessão de créditos e financiamentos diferenciados.
CULTURA E LAZER
42)  Conceber programas e parcerias que estimulem o acesso à cultura pelos  profissionais de segurança pública e suas famílias, mediante vales para  desconto ou ingresso gratuito em cinemas, teatros, museus e outras  atividades, e que garantam o incentivo à produção cultural própria.
43)  Promover e estimular a realização de atividades culturais e esportivas  nas instalações físicas de academias de polícia, quartéis e outros  prédios das corporações, em finais de semana ou outros horários de  disponibilidade de espaços e equipamentos.
44)  Estimular a realização de atividades culturais e esportivas  desenvolvidas por associações, sindicatos e clubes dos profissionais de  segurança pública.
EDUCAÇÃO
45) Estimular  os profissionais de segurança pública a frequentar programas de  formação continuada, estabelecendo como objetivo de longo prazo a  universalização da graduação universitária.
46)  Promover a adequação dos currículos das academias à Matriz Curricular  Nacional, assegurando a inclusão de disciplinas voltadas ao ensino e à  compreensão do sistema e da política nacional de segurança pública e dos  Direitos Humanos.
47)  Promover nas instituições de segurança pública uma cultura que valorize  o aprimoramento profissional constante de seus servidores também em  outras áreas do conhecimento, distintas da segurança pública.
48)  Estimular iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento profissional e à  formação continuada dos profissionais de segurança pública, como o  projeto de ensino a distância do governo federal e a Rede Nacional de  Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp).
49) Assegurar o aperfeiçoamento profissional e a formação continuada como direitos do profissional de segurança pública.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS
50)  Assegurar a produção e divulgação regular de dados e números envolvendo  mortes, lesões e doenças graves sofridas por profissionais de segurança  pública no exercício ou em decorrência da profissão.
51)  Utilizar os dados sobre os processos disciplinares e administrativos  movidos em face de profissionais de segurança pública para identificar  vulnerabilidades dos treinamentos e inadequações na gestão de recursos  humanos.
52) Aprofundar  e sistematizar os conhecimentos sobre diagnose e prevenção de doenças  ocupacionais entre profissionais de segurança pública.
53)  Identificar locais com condições de trabalho especialmente perigosas ou  insalubres, visando à prevenção e redução de danos e de riscos à vida e  à saúde dos profissionais de segurança pública.
54)  Estimular parcerias entre universidades e instituições de segurança  pública para diagnóstico e elaboração de projetos voltados à melhoria  das condições de trabalho dos profissionais de segurança pública.
55)  Realizar estudos e pesquisas com a participação de profissionais de  segurança pública sobre suas condições de trabalho e a eficácia dos  programas e serviços a eles disponibilizados por suas instituições.
ESTRUTURAS E EDUCAÇÃO EM  DIREITOS HUMANOS
56)  Constituir núcleos, divisões e unidades especializadas em Direitos  Humanos nas academias e na estrutura regular das instituições de  segurança pública, incluindo entre suas tarefas a elaboração de livros,  cartilhas e outras publicações que divulguem dados e conhecimentos sobre  o tema.
57)  Promover a multiplicação de cursos avançados de Direitos Humanos nas  instituições, que contemplem o ensino de matérias práticas e teóricas e  adotem o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos como referência.
58)  Atualizar permanentemente o ensino de Direitos Humanos nas academias,  reforçando nos cursos a compreensão de que os profissionais de segurança  pública também são titulares de Direitos Humanos, devem agir como  defensores e promotores desses direitos e precisam ser vistos desta  forma pela comunidade.
59)  Direcionar as atividades de formação no sentido de consolidar a  compreensão de que a atuação do profissional de segurança pública  orientada por padrões internacionais de respeito aos Direitos Humanos  não dificulta, nem enfraquece a atividade das instituições de segurança  pública, mas confere-lhes credibilidade, respeito social e eficiência  superior.
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
60) Contribuir  para a implementação de planos voltados à valorização profissional e  social dos profissionais de segurança pública, assegurado o respeito a  critérios básicos de dignidade salarial.
61) Multiplicar iniciativas para promoção da saúde e da qualidade de vida dos profissionais de segurança pública.
62) Apoiar o desenvolvimento, a regulamentação e o aperfeiçoamento dos programas de atenção biopsicossocial já existentes.
63)  Profissionalizar a gestão das instituições de segurança pública,  fortalecendo uma cultura gerencial enfocada na necessidade de elaborar  diagnósticos, planejar, definir metas explícitas e monitorar seu  cumprimento.
64) Ampliar a formação técnica específica para gestores da área de segurança pública.
65)  Veicular campanhas de valorização profissional voltadas ao  fortalecimento da imagem institucional dos profissionais de segurança  pública.
66) Definir e monitorar indicadores de satisfação e de realização profissional dos profissionais de segurança pública.
67)  Estimular a participação dos profissionais de segurança pública na  elaboração de todas as políticas e programas que os envolvam.
DOU 16/12/2010 
 
 
Guardada as devidas proporções, a portaria ministerial federal sem dúvida vai ao encontro dos anseios da grande maioria dos agentes públicos da área de segurança pública, pois é necessário a democratização não apenas fora das instituíções mas fundamentalmente dentro delas, haja vista que todos os agentes públicos também são cidadãos!
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